A investigação foi conduzida
pela Delegacia Especializada na Investigação de Crimes contra a Ordem
Tributária (DEICOT). A “Operação Apáte”, em conjunto com a Secretaria de Estado
de Fazenda (Sefaz-RN), apurou a falsificação de notas fiscais supostamente destinadas
às escolas. A suspeita é de que o esquema criminoso acontecia desde 2018. A
empresa investigada, apesar de inapta para emissão de documentos fiscais,
utilizava dados de notas previamente emitidas para confeccionar documentos
falsos, que eram apresentados às instituições de ensino com o intuito de
conferir aparência de legalidade a contratos firmados por dispensa de
licitação.
De acordo com a Polícia Civil, o golpe funcionava por meio da abertura de
empresas em nome de laranjas, sendo geralmente pessoas de baixa escolaridade,
não alfabetizadas ou até em situação de rua. Esses indivíduos eram usados para
mascarar a verdadeira origem das empresas fraudulentas.
O esquema fraudulento também envolvia a produção de documentos de regularidade
fiscal, trabalhista e empresarial, além de orçamentos forjados. Nesses
documentos constavam certidões negativas em várias esferas, além de declarações
de regularidade trabalhista, todoa utilizadas para simular a legalidade da
empresa e viabilizar sua contratação junto a órgãos públicos.
O empresário investigado confirmou que visitava as escolas para levantar
supostas necessidades e, a partir disso, oferecia os falsos serviços. Entre
eles, estavam pintura, fornecimento de traves de futebol, papelaria e outros
itens diversos.
“Ele fazia visitas às escolas para entender o que elas precisavam e montava
orçamentos, mesmo sem ter estrutura para prestar o serviço”, explicou a
delegada titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Ordem
Tributária, Jaqueline Almeida.
As notas fiscais eram inicialmente emitidas de forma regular. No entanto,
posteriormente, os investigados reaproveitavam as mesmas chaves de acesso,
faziam pequenas alterações nos dados e reutilizavam os documentos para fraudar
novas transações com outras escolas. Certidões de regularidade fiscal também
eram falsificadas: o casal baixava modelos da internet, trocava o cabeçalho, o
CNPJ e a data de emissão, apresentando os documentos como se fossem legítimos.
Durante as diligências, foram encontrados documentos falsificados na residência
do casal. Os próximos passos da investigação incluem a análise do material
apreendido, como celulares e computadores, que serão periciados pelo Instituto
Técnico-Científico de Perícia (ITEP). Sete mandados de busca e apreensão foram
cumpridos em dois imóveis residenciais de Natal, um estabelecimento comercial
em Parnamirim, duas escolas em Parnamirim e Nísia Floresta e as secretarias
municipal de Educação de Parnamirim e a Secretaria Estadual de Educação.
O casal, que reside em Natal, não é formado por servidores públicos. A Polícia
Civil apura, no entanto, a possível participação de agentes públicos no
esquema. Escolas dos municípios de Parnamirim e Nísia Floresta estão entre as
instituições que aparecem nos contratos analisados.
A operação teve como foco inicial duas escolas, com base em denúncias recebidas
pela Secretaria de Educação. No entanto, as autoridades já identificaram
contratos com outras unidades escolares da Grande Natal.
“Temos uma cobrança permanente pela prestação de contas das escolas. Mais do
que nunca, seremos rígidos quanto ao uso dos recursos públicos. Se houver
irregularidades, não teremos complacência e vamos agir dentro dos rigores da
lei.” afirmou a secretária de Educação do RN, Socorro Batista.
Em nota, a Prefeitura de Parnamirim disse que a investigação sigilosa está
relacionada a contratos firmados por uma empresa prestadora de serviços na
gestão anterior do município. Os mandados foram expedidos pela Justiça, e a
ação faz parte do processo de apuração conduzido pelos órgãos competentes.
“A atual gestão esclarece que os fatos investigados não têm qualquer relação
com o governo vigente e que todas as informações e documentos solicitados estão
sendo prontamente fornecidos às autoridades policiais e ao Poder Judiciário, em
total colaboração com a investigação. A Prefeitura reitera seu compromisso com
a transparência, a legalidade e a ética na administração pública”, disse.
Tribuna do Norte

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