quarta-feira, 14 de maio de 2025

Faixa 4 do MCMV deve aquecer mercado no Rio Grande do Norte

A nova faixa disponível do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) deve aquecer o mercado imobiliário em Natal e no Rio Grande do Norte, possibilitando a aquisição da casa própria para um público até então fora do programa. Essa é a avaliação de interlocutores do setor imobiliário e da construção civil do Estado. Eles apontam que os lançamentos devem ser efetivados dentro mais alguns meses, em razão do estoque de apartamentos já existente para a nova faixa estabelecida. Segundo dados da Caixa Econômica Federal, a recém-criada faixa 4 já gerou 190 mil simulações de financiamentos no site da estatal, com 984 propostas já colocadas em andamento.

Com a faixa 4 já em vigor, famílias com renda mensal de até R$ 12 mil podem financiar imóveis de até R$ 500 mil, com prazos estendidos e condições mais acessíveis. Antes, o teto do MCMV era para imóveis de até R$ 350 mil e o programa atendia famílias com renda de até R$ 8 mil na faixa 3. A faixa 4 não oferece subsídios do Governo Federal e tem taxa de juros de até 10% ao ano.

Interlocutores do mercado imobiliário informaram à TN que os imóveis que passam a ser abarcados pela nova faixa estarão mais ao centro de Natal, por exemplo, em áreas como Lagoa Nova, Capim Macio, Ponta Negra, Candelária, Tirol, Petrópolis, entre outras. Em média, os apartamentos podem ter de 50 a 100m², a depender das localizações. Fora da capital, cidades como Parnamirim e Mossoró podem receber projetos nesse sentido.

Segundo Gabriel Wanderley, conselheiro fiscal do Sindicato da Indústria da Construção Civil no RN (Sinduscon-RN), a nova faixa passa a ser atrativa para a classe média e pode fazer girar o mercado imobiliário do Estado, com novos lançamentos e oportunidades.

“Natal está aquecido com muitos lançamentos de alto padrão, mas a classe média não tinha lançamentos, porque essa classe estava oprimida de acesso a financiamentos imobiliários. O construtor, o incorporador, antes de lançar vê a demanda, que era baixa devido ao acesso. Com essa faixa 4, cria-se novamente, pelo menos parcialmente, uma demanda”, comenta Gabriel Wanderley.

“Hoje em Natal temos muitos imóveis prontos – ou já terminando a construção – que se enquadram nessa classe, que estavam em estoque, e vai ser interessante porque vamos observar, trimestralmente, como vai ficar o estoque da capital. E a partir do momento que esse estoque começar a baixar com as vendas da faixa 4, com certeza vai fomentar lançamentos para esse público”, acrescenta.

Quem exemplifica essa situação é a gestora comercial da MRV no RN, Renata Melo. Ela explica que as mudanças no MCMV podem contribuir para a redução do déficit habitacional no Brasil. Renata cita que o Beach Plaza, em Ponta Negra, por exemplo, deve ficar pronto no primeiro semestre de 2027 e ser incluído nessa nova faixa. Ela cita ainda que a MRV possui land banks (banco de terrenos) em Natal, com perspectiva de se antecipar lançamentos para o final de 2025 com a implementação da nova faixa.

“Vemos isso com bons olhos em virtude de que temos uma renda per capita alta em Natal, um público aderente com esse novo programa de rendas de R$ 8 até 12 mil. Temos produtos atualmente, como o Beach Plaza, que entram nessa faixa de R$ 350 mil a R$ 500 mil, então o mercado volta a se aquecer com essas faixas de renda e imóveis e abre mais uma faixa de clientes que podem aderir ao programa, diminuindo, assim, o déficit habitacional. Por mais que a renda seja relativamente mais alta, tem muitos clientes que ainda não conseguiram adquirir seu primeiro imóvel”, explica.

Para Moisés Marinho, diretor secretário do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RN), as mudanças são positivas para o mercado imobiliário. “Essa faixa 4 beneficia compradores que têm interesse em adquirir imóveis mais próximo da capital, ou seja, imóveis em torno de R$ 500 mil. Às vezes a pessoa tem um sinal (valor em dinheiro), um carro, então mesmo que o imóvel seja um pouco acima, no financiamento até R$ 500 mil se tem condições de se comprar imóveis mais atraentes e mais próximos ao centro da capital”, afirma.

Já Renato Gomes Netto, presidente do Sindicato da Habitação no RN (Secovi-RN), aponta que mesmo as mudanças sendo positivas para o Estado, ainda é necessário aguardar para a chegada dos lançamentos. “Estamos passando, ainda, por um momento de readequação do mercado imobiliário de Natal. O grande problema da faixa 4 do MCMV para Natal é ainda a falta de imóveis que sejam atingidos por esse padrão. Praticamente não temos quase nenhum empreendimento nessa faixa. Acho bacana essa linha de crédito que pode vir a dar uma nova aquecida no mercado, mas agora não temos empreendimentos para essa faixa”, pondera.

Tribuna do Norte

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