O grupo Alimentação e bebidas
avançou 1,17% em março, acelerando frente aos 0,70% de fevereiro. Só ele
contribuiu com 0,25 ponto percentual do IPCA geral do mês. O café moído,
isoladamente, acumula uma alta de 77,78% nos últimos 12 meses. O impacto, segundo
o IBGE, é explicado por fatores sazonais e climáticos, como a antecipação de
colheitas que reduziram a oferta de tomate e a quebra de safra do café em
países como Vietnã e Brasil. Os ovos, por sua vez, sofreram elevação devido ao
aumento do milho, base da ração de aves, e à maior procura no período da
quaresma.
Segundo o economista Helder Cavalcanti Vieira, o impacto ocorre direto na mesa
do consumidor. “Esses fatores repercutem no orçamento das famílias brasileiras
de forma impactante e imediata. A inflação dos alimentos já vem sendo um fator
negativo importante e persistente no controle da inflação, impactando
consumidores, comerciantes e governo”, afirma.
Ele destaca que o aumento da procura internacional por produtos brasileiros, o
encarecimento dos insumos agrícolas — principalmente combustíveis — e o cenário
climático desfavorável têm intensificado a pressão sobre os preços.
O segundo maior impacto do IPCA de março veio do grupo Transportes, com
variação de 0,46% e contribuição de 0,09 ponto percentual. A passagem aérea
teve alta de 6,91%, após queda de mais de 20% no mês anterior. Já os
combustíveis desaceleraram no período: gasolina (0,51%), diesel (0,33%) e
etanol (0,16%) subiram menos do que em fevereiro. No grupo Despesas pessoais, o
subitem cinema, teatro e concertos registrou aumento de 7,76%, com o fim das
promoções da “semana do cinema”.
Grupos como Habitação, Educação, Saúde e cuidados pessoais e Artigos de
residência também registraram alta, mas em ritmo mais moderado. A energia
elétrica, por exemplo, que havia subido 16,80% em fevereiro, variou apenas
0,12% em março. Já os chamados preços monitorados, que incluem itens como
combustíveis e energia, desaceleraram de 3,16% para 0,18%.
Mesmo sem índice próprio do IPCA, o Rio Grande do Norte sente os reflexos da
alta dos alimentos. “A inflação acima da meta do governo traz preocupação para
os agentes econômicos, especialmente para o comércio e para o consumidor
final”, observa Helder Cavalcanti. O economista alerta ainda para o impacto
sobre a população de baixa renda, mais vulnerável a oscilações nos itens
essenciais. “A elevação do INPC é preocupante por reduzir o poder de compra de
um segmento de consumidores que mais contribui para a circulação da moeda,
geração de empregos e crescimento da economia”, completa.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para
famílias com renda de até cinco salários mínimos, também subiu 0,51% em março.
No acumulado do ano, a alta é de 2,00% e, em 12 meses, o índice atingiu 5,20%,
reforçando os impactos sobre os consumidores mais sensíveis a variações nos
alimentos.
Números
IPCA
Variação em março: 0,56%
Acumulado no ano: 2,04%
Acumulado em 12 meses: 5,48%
Inflação de março/24: 0,16%
Alimentos que mais subiram em
março
Tomate: +22,55%
Ovo de galinha: +13,13%
Café moído: +8,14%
Cebola: +5,71%
Banana-prata: +4,81%
Açúcar cristal: +2,68%
Leite longa vida: +2,59%
Farinha de mandioca: +2,46%
Frango em pedaços: +1,49%
Pão francês: +1%
Refeição fora de casa: +0,34%
Transportes
Passagem aérea: +6,91%
Gasolina: +0,51%
Diesel: +0,33%
Etanol: +0,16%
Fonte: IBGE/Tribuna do Norte

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