O termo foi acertado pelos
presidentes do BNDES, Aloizio Mercadante, e do Sistema Organização das
Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Freitas, na sede do banco, no Rio de
Janeiro.
Mercadante ressaltou que o
país tem 4,5 mil cooperativas atualmente, número 50% a mais do que há 20 anos.
A maior parte atuando na agropecuária.
“Metade da produção de
alimentos no Brasil hoje é feita pelo cooperativismo”, lembrou.
Segundo ele, são 23,5 milhões
de trabalhadores cooperados, o que representa 550 mil empregos formais. Esse
sistema de produção fatura R$ 692 bilhões por ano.
Funcionamento
Cooperativas funcionam como se
fossem empresas em que os trabalhadores são sócios do negócio. Os associados,
líderes e representantes têm total responsabilidade pela gestão e fiscalização
da cooperativa.
Por não terem fins lucrativos,
os resultados positivos da atividade econômica desempenhada são distribuídos
entre os cooperados. Há cooperativas em diversos ramos da economia. As de
crédito, por exemplo, fecham contratos de empréstimos com juros mais baixos do
que os bancos privados.
“É um sistema de organização
da produção muito generoso, que constrói solidariedade, eficiência e
resiliência”, diz Mercadante.
Faturamento
Em 2024, 73% dos contratos de
crédito do BNDES foram direcionados para o sistema cooperativo, o que
representa R$ 37 bilhões. Desse montante, R$ 34,4 bilhões foram
direcionados para pequenas e médias empresas.
Aloizio Mercadante apontou que
as cooperativas de crédito têm a função de levar a oferta de crédito,
inclusive, para pequenas cidades onde não há agências bancárias.
"Mais de mil cidades não
têm agências bancárias, só cooperativa. É um instrumento capilar de acesso ao
crédito. Chegam onde as agências não chegam mais", disse Mercadante.
Mercadante ressaltou que,
mesmo o BNDES não estando nessas localidades e sendo representado por
cooperativas de crédito, o sistema é seguro, pois conta com a fiscalização
do Banco Central (BC).
O presidente do BNDES
enfatizou a intenção de aumentar a presença dessa forma de organização nas
regiões Norte e Nordeste.
“Elas [cooperativas] são muito
fortes no Sul, em função da colonização; no Sudeste, que é a colonização
europeia e asiática, e agora estão avançando no Centro-Oeste. O nosso próximo
capítulo é dar muito impulso ao cooperativismo no Norte e Nordeste”, defendeu.
Questionado sobre qual a meta
de concessão de crédito ao segmento de cooperativas, Mercadante disse que
“depende da força deles”.
O presidente da OCB, Márcio
Freitas, informou que a organização tem a meta de levar o faturamento total das
cooperativas em até R$ 1 trilhão até 2027.
“A meta está lançada, chegar a
30 milhões de brasileiros cooperados e, provavelmente, chegando a um milhão de
empregos diretos, com carteira assinada”, avaliou.
Mais renda
Além da assinatura do acordo
entre o banco público e a entidade de representação do cooperativismo no
Brasil, foi realizado um seminário sobre impactos do cooperativismo no
desenvolvimento do país.
O pesquisador Alison Pablo de
Oliveira, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São
Paulo (FEA-USP), apresentou dados sobre locais que têm presença de cooperativas
de crédito.
O estudo mostra que foram
gerados 25,3 empregos formais para cada grupo de 1 mil habitantes nessas
localidades. Além disso, foi identificado incremento de R$ 115,50 na massa
salarial por habitante.
O levantamento aponta também
que a presença das cooperativas de crédito retirou 12,3 famílias da extrema
pobreza para cada grupo de 1 mil habitantes. Outro dado é a diminuição de 20,5
famílias no Cadastro Único (CadÚnico), direcionado a famílias mais pobres, a
cada grupo de 1 mil habitantes.
Segundo Oliveira, onde há
agência de cooperativismo de crédito, as famílias passam a depender menos
do Estado.
“Com ganhos de renda e
empregabilidade maior, as famílias conseguiam superar a pobreza de maneira
sustentável por meio da inclusão produtiva e econômica”, disse.
O BNDES é um banco público de
fomento ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
(MDIC) e tem entre as funções fomentar setores estratégicos da economia
por meio de crédito e investimentos diretos. Parte dos empréstimos são
subsidiados, isto é, mais baratos.
Agência Brasil

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