O Supremo Tribunal Federal (STF)
confirmou em plenário virtual, nesta quinta-feira (16), a decisão da
ministra Rosa Weber que liberou a
execução orçamentária das emendas de relator, conhecidas como
"orçamento
secreto", no Orçamento de 2021.
O julgamento iniciado na terça
(14) termina oficialmente às 23h59 desta quinta, mas os dez votos já foram
inseridos no sistema. O placar foi de 8 votos a 2 para manter a liberação.
Votaram pela liberação das
emendas: Rosa Weber, Gilmar Mendes, Ricardo
Lewandowski, Dias Toffoli, Luiz Fux, Alexandre de
Moraes,Luís Roberto
Barroso e Nunes Marques.
Votaram pela suspensão dos
pagamentos: Edson Fachin e Cármen Lúcia.
André
Mendonça, empossado como 11º ministro do STF na tarde desta quinta,
não participou da votação.
Os votos dos ministros
Relatora do caso, Rosa Weber votou por
manter a própria decisão, afirmando que devem ser observadas as regras do ato
conjunto do Congresso Nacional que estabeleceu novas regras
para o pagamento das emendas de relator.
O ministro Alexandre de
Moraes afirmou no voto que é preciso reconhecer que o Congresso
Nacional "reagiu adequadamente à mensagem emitida pela Corte" ao
suspender o pagamento das emendas de relator.
"Considerando o vulto dos
valores empenhados e a essencialidade das ações governamentais financiadas por
essas dotações, deve-se concluir, conforme propõe a Ministra Relatora, que o
primeiro esforço do Congresso Nacional em adequar o tramite das emendas do
relator aos imperativos de transparência e impessoalidade, recomenda a
revogação da medida cautelar anteriormente concedidas pelo Plenário, no que
determina a suspensão da execução de recursos orçamentários identificados como
RP 9 [emendas de relator]".
Barroso disse que houve avanço
nas medidas adotadas pelo Congresso, mas que os passos são “insuficientes para
a total transparência que deve estar presente na alocação de recursos
públicos”.
Segundo o ministro, “o
orçamento é um dos espaços mais relevantes da vida democrática. É nele que se
tomam as grandes decisões que definem as políticas públicas a serem adotadas. A
sociedade deve ser capaz de entender e acompanhar as escolhas que estão sendo
feitas”. Nesse sentido, já houve avanço nas medidas adotadas pelo Congresso
Nacional e suas Casas
Barroso disse que ainda há um
caminho para garantir a rastreabilidade dos dados referentes aos pedidos de
distribuição de emendas e sua respectiva execução.
“Em segundo lugar, como bem
delimitado no voto da ministra-relatora, a decisão submetida a referendo não
resolve a questão do excesso de discricionariedade do relator-geral da lei
orçamentária anual. Vale dizer: a execução de emendas orçamentárias, de
qualquer natureza, deve observar critérios e limites decorrentes dos princípios
democrático e republicano, que não se compatibilizam com a alocação
voluntarista de recursos públicos”.
A transparência dessas emendas
é questionada em ações no STF e no Tribunal de Contas da União. Isso porque o
pagamento não exigia identificação de quais parlamentares solicitaram a verba
nem determinava a distribuição igualitária entre deputados e senadores.
Em novembro, Rosa Weber suspendeu o
pagamento dessas emendas. Depois, o plenário do
STF referendou a decisão por 8 votos a 2.
No último dia 6, após a
aprovação do ato conjunto do Congresso, a ministra
liberou a retomada do pagamento das emendas, determinando o
cumprimento das novas regras do ato conjunto.
Novas regras
A partir da determinação
inicial da ministra Rosa Weber, o Congresso
aprovou mudanças nas regras do chamado "orçamento
secreto".
Técnicos legislativos e
parlamentares da oposição, no entanto, consideraram que o novo texto
manteve a falta de transparência. Isso porque o texto manteve em sigilo os
nomes dos senadores e deputados que indicaram emendas em 2020 e neste ano.
O texto aprovado estabelece um
limite para as emendas do relator, que não poderão ultrapassar a soma das
emendas individuais e de bancada. Hoje, não existe um valor máximo.
A partir de 2022, os nomes dos
autores das indicações serão publicados no site da Comissão Mista de Orçamento.
Além de parlamentares, agentes públicos e a sociedade civil também poderão
fazer solicitações para o uso do dinheiro, o que, segundo técnicos
legislativos, abre uma brecha para que o nome do deputado ou senador continue
oculto.
Um parlamentar pode negociar emendas e pedir para que um prefeito, por exemplo, faça o pedido diretamente ao Congresso. Assim, o nome divulgado não seria o dele, mas o do prefeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário