O convite ao Globo Rural foi
feito pelo Pedro Henrique, que é técnico em agropecuária do projeto realizado
pelo governo da Bahia, em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento
Agrícola, da Organização das Nações Unidas (ONU).
O estado conta com mais de 70% da população de origem negra.
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O Brasil, de modo geral, teve
diversos dos seus ciclos econômicos, como o açúcar, o tabaco e o algodão,
dependentes da exploração de africanos ou
afro-brasileiros escravizados, explica Nilton de Almeida, professor na
Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).
Por todo
o país, existem territórios quilombolas. Algumas dessas comunidades
já foram reconhecidas pelo poder público, como a Bananeira dos Pretos. A
população dessa área trabalha, principalmente, com a produção artesanal da rapadura.
Crescimento da renda
O projeto Pró-Semiárido presta
assistência no quilombo Bananeira dos Pretos desde 2017. Antes de ele ter
início na região, a maioria das famílias viviam
apenas com o Bolsa Família, recebendo em torno de R$ 150 a R$ 200 por
mês, diz Telma de Magalhães, agrônoma da iniciativa.
Após a consultoria, a última
pesquisa realizada pelo Pró-Semiárido apontou que o padrão melhorou. A renda
das mulheres, por exemplo, subiu para R$ 250 a R$ 300 por mês.
Um dos pontos da iniciativa
é o foco nas mulheres, valorizando a mão de obra
feminina. Elas viraram as contadoras das famílias, anotando tudo o que
entra e o que sai, como quais alimentos foram consumidos, quais foram vendidos
ou trocados.
Maria Senhora, uma das
moradoras do quilombo, conta que agora ela anota quando mata uma galinha, por
exemplo, o que antes não era feito.
Tradição da rapadura
A rapadura
artesanal é uma das produções chefes do quilombo Bananeira dos
Pretos. O item é comercializado na feira de Senhor do Bonfim.
Ela carrega a herança de um
trabalho ancestral da população negra com a cana-de-açúcar. Antigamente, ela
servia de alimentação, adicionando farinha ou como adoçante no café, por
exemplo, explica o historiador e engenheiro ambiental Ivomar Gitânio Silva.
Cada família do quilombo tem a
sua própria área de cana-de-açúcar, possuindo cerca de um a dois
hectares. Toda a colheita é voltada para a produção
de rapadura.
Antes da consultoria ter
início, os agricultores tinham algumas dificuldades em tornar a lavoura mais
eficaz.
Um exemplo disso é que eles
estavam colhendo a cana antes do tempo,
quando ainda verdes, e as triturando junto com as
maduras, aponta Eduardo Teles, técnico em agropecuária do projeto
Pró-Semiárido.
Ele explica que colhendo a
cana antes de ela estar madura, era possível fazer no máximo 100 unidades, mas,
tratando-a no momento certo, é concebível chegar até
a 1500 rapaduras.
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