sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Polícia faz operação contra nazistas no RN e mais 6 estados

Um grupo de nazistas é alvo de policiais civis e promotores do Ministério Público na manhã desta quinta-feira (16) em sete estados do Brasil, incluindo o Rio Grande do Norte. De acordo com a Polícia Civil, no RN foram cumpridos dois mandados em três endereços nas cidades de Jardim do Seridó e Macaíba, mas nada foi encontrado nos locais. Os investigados disseminavam ódio a negros e judeus nas redes sociais.

A operação, batizada de Bergon, é coordenada pela Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol), por meio da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público. Os agentes cumprem 35 mandados, sendo quatro de prisão e 31 de busca e apreensão, no Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Sete meses foi o tempo de duração das investigações, que foram iniciadas durante apuração de circunstâncias ligadas a uma associação criminosa que praticava atos violentos, de discriminação e preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional em redes sociais.

No mês de maio, foi identificado um dos alvos, que fazia uso de um aplicativo para espalhar ódio e atrair simpatizantes, principalmente com ameaças à população negra e judia. Na ocasião, a Dcav pediu à Justiça para decretar prisão cautelar temporária de um mês do participante da quadrilha, além de expedição de mandado de busca e apreensão e quebra do sigilo de dados.

A partir da análise da perícia, a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público encontraram largo conteúdo racista contra negros e judeus. Diálogos ameaçadores, cooptação de simpatizantes, treinamento e principalmente disseminação de ódio chamaram a atenção dos agentes.

Apenas um dos membros da quadrilha mora no Rio Grande do Norte. Os outros alvos da ação vêm do Rio de Janeiro (15), de São Paulo (9), do Rio Grande do Sul (2), do Paraná (2), de Minas Gerais (1) e de Santa Catarina (1).

Crescimento

A operação chega em um ano no qual o Brasil vive uma escalada no número de células neonazistas, uma explosão de denúncias de discursos que exaltam essa ideologia de ultradireita nos meios digitais e um aumento de inquéritos que investigam o crime de apologia do nazismo na Polícia Federal, segundo dados publicados pela imprensa nacional em agosto deste ano.

O secretário-geral das ONU, António Guterres, chegou a pedir a criação de uma aliança global contra o crescimento e o alastramento do neonazismo, da supremacia branca e dos discursos de ódio, especialmente a partir da pandemia da Covid-19. "Tragicamente, depois de décadas nas sombras, os neonazistas e suas ideias agora estão ganhando popularidade", declarou o chefe da ONU em janeiro de 2021.

No Brasil, segundo estudo da antropóloga Adriana Dias, que pesquisa há duas décadas as atividades desses grupos, de 2015 a maio de 2021, células neonazistas saltaram de 75 para 530.

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