"Me preocupa bastante
quando vejo no Brasil que tem discussão sobre a abertura do carnaval. Isso é
realmente uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão
comunitária. Precisamos planejar já as ações para 2022", disse Mariângela
Simão na segunda-feira (22) na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia.
Nesta terça-feira, reportagem
do g1 apontou que ao menos 43
cidades de SP cancelam carnaval em 2022 por conta da pandemia. As
prefeituras temem nova onda de Covid. Na capital paulista, a gestão municipal
manteve o cronograma e quer criar comitê com Recife, Salvador, Rio de Janeiro e
Belo Horizonte para tomar decisões de forma conjunta.
A diretora da OMS citou o
carnaval no Brasil enquanto analisava quais devem ser as estratégias globais no
atual momento da pandemia. Ela ressaltou, entre outros pontos, que o momento
exige políticas públicas baseadas em evidências científicas.
Mariângela disse que é preciso
apoiar "reaberturas seguras", com gerenciamento de risco adaptado a
cada contexto local. E foi nesta avaliação que a diretora fez o alerta sobre
sua preocupação com a folia nas cidades brasileiras.
Quarta onda da pandemia
O debate sobre a realização do
carnaval ocorre no momento em que o Brasil vê a curva de casos e mortes em
queda, e países da Europa enfrentam o ressurgimento dos casos. Durante sua
palestra no Congresso Brasileiro de Epidemiologia, Mariângela Simão afirmou que
é visível a "ressurgência de casos de Covid-19 na Europa".
"Tivemos nas últimas 24
horas mais de 440 mil novos casos confirmados. E os dados cumulativos são 255
milhões de casos e 5,1 milhões de óbitos. E é claro que isso reflete uma enorme
subnotificação em vários continentes. O mundo está entrando em uma quarta onda,
mas as regiões têm tido um comportamento diferente em relação à pandemia",
disse Mariângela.
Mariângela apontou ainda que a
transmissão permanece concentrada em populações suscetíveis e onde as medidas
sociais e de saúde são usadas de forma inconsistente.
"Este é um dos fatores determinantes da ressurgência de casos na Europa. Os surtos que estão havendo em diferentes países europeus são por conta do aparecimento de casos em pessoas não vacinadas", disse Mariângela.

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