O Conselho Nacional de
Política Fazendária (Confaz), formado pelo governo e representantes dos
estados, aprovou nesta sexta-feira (29) o congelamento por 90 dias do chamado
"preço médio ponderado ao consumidor final". É sobre esse preço médio
que incide o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estadual
cobrado nas vendas de combustíveis.
A medida ocorre em meio à
forte alta
dos combustíveis, provocada pelo aumento do petróleo no mercado
internacional e pela disparada do dólar - fatores levados em conta pela
Petrobras para calcular o preço do nas refinarias.
Nesta semana, a Petrobras
anunciou um novo reajuste
no preço da gasolina e do diesel para as suas distribuidoras. O
aumento foi de 7,04% para o litro de gasolina nas refinarias e de 9,15% para o
diesel.
Segundo o governo, o objetivo
do congelamento do preço médio ponderado, sobre o qual incide o ICMS, é tentar
manter os preços nos valores vigentes em 1º de novembro de 2021 até 31 de
janeiro de 2022.
A medida, segundo os
representantes dos estados, "visa reduzir o impacto dos aumentos impostos
pela Petrobras e dar tempo para se pensar em uma saída para os reajustes
consecutivos".
Como funciona
Pelo modelo atual, que deixa
de vigorar até o fim de janeiro, cada estado define o chamado "preço médio
ponderado ao consumidor final" a cada 15 dias.
Como tem mudança a cada 15
dias, todo aumento de preço nas refinarias altera o preço médio e eleva o ICMS.
Com o congelamento do preço
médio ponderado por 90 dias, os aumentos da Petrobras anunciados até janeiro
não serão considerados na base de cálculo do ICMS — atenuando o impacto dos
reajustes dos combustíveis nas refinarias.
Medida não impede novos
reajustes de combustíveis
Entretanto, esse congelamento
do preço médio ponderado não impedirá que eventuais reajustes anunciados pela
Petrobras nas refinarias sejam repassados aos preços dos combustíveis na bomba.
A empresa, que registrou
lucro de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre, continuará
reajustando os combustíveis com base no preço internacional do petróleo e da
taxa de câmbio (dólar).
Como o ICMS não é o único
fator que encarece o preço na bomba, mudança dos outros fatores pode continuar
elevando o preço para o consumidor final.
O presidente do presidente do
Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal
(Comsefaz), Rafael Fonteles, argumentou que decisão de hoje é insuficiente para
impedir novos reajustes.
“É preciso ficar claro que o
ICMS é apenas um componente dos preços, e, como não houve alteração da alíquota
nos últimos anos, não há como associar os reajustes dos combustíveis ao imposto
estadual. Esses aumentos se devem à política da Petrobras que atrela seus
preços ao mercado internacional do petróleo e ao câmbio. Como essa política da
Petrobras está sujeita à volatilidade do mercado internacional, é bastante
provável que, havendo aumento do barril de petróleo lá fora, esse reajuste seja
repassado aqui”, afirmou Fonteles.
Projeto sobre ICMS no
Congresso
A decisão do governo e dos
estados, de congelar por 90 dias o preço médio ponderado ao consumidor
final", sobre o qual incide o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) cobrado nas vendas de combustíveis aconteceu após a Câmara dos
Deputados ter aprovado um projeto que muda o cálculo da tributação dos
combustíveis para tentar baixar o preço cobrado ao consumidor final.
Para ter validade, o texto ainda precisa passar pelo Senado.
Representantes dos governos estaduais apontaram, porém, que a essa nova regra, se for aprovada pelo Congresso, provocará danos à arrecadação local. O Comitê Nacional de Secretários de Fazenda Estaduais (Comsefaz) calculou que a nova sistemática reduziria em R$ 24 bilhões as finanças dos estados – o que, consequentemente, significa perda de R$ 6 bilhões aos municípios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário