Como esse diálogo é
interditado nos canais formais, integrantes do governo começam a duvidar de um
desfecho a tempo hábil de reverter a aplicação da sobretaxa em 1º de agosto. A
imagem mostra um homem com cabelo loiro e pele clara, sentado em um ambiente
formal. Ele está usando um terno escuro e uma camisa branca. Ao fundo, há uma
parede decorada com detalhes em dourado e uma mesa ou sofá claro. O homem
parece estar em uma conversa ou prestando atenção em algo.
Enquanto isso, autoridades brasileiras procuram estabelecer contatos
extraoficiais com a equipe dos seus correspondentes nos Estados Unidos. Isso se
deve justamente à dificuldade relatada por ministros de se comunicar
diretamente com seus homólogos nos EUA.
No governo brasileiro, essa resistência é atribuída a um temor entre os
americanos de serem desautorizados pelo presidente Trump. Integrantes do órgão
responsável pela área comercial dos EUA, por exemplo, mantiveram conversas
sobre tarifas com os brasileiros e foram surpreendidos pela decisão do
presidente americano de sobretaxar o país.
A decisão, como o próprio republicano deixou claro, não se baseou em estudos
econômicos, mas, sim, em uma questão política. Um ministro brasileiro ainda
cita como exemplo o caso do Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent,
desautorizado após defender o presidente do Fed (Federal Reserve), o banco
central dos EUA.
Alckmin
Em outra frente, o governo, capitaneado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin
(PSB), também tenta sensibilizar o empresariado diretamente atingido pelas
medidas para que auxiliem na procura por uma solução.
Entre aliados do presidente Lula, há um temor de que Trump pretenda transformar
o caso brasileiro em exemplar para intimidar outros países nas negociações com
os EUA.
Aliados do presidente lembram que os EUA não estão respondendo às
correspondências enviadas pelos brasileiros. O próprio Alckmin tem repisado em
suas falas que cartas foram enviadas ao governo americano desde o dia 16 de
maio e não houve nenhuma resposta.
Americanos sinalizaram que a resposta a partir de agora não deve ser por meio
de carta, mas de outra forma a ser definida. O governo Trump tem priorizado
tratativas que considera mais importantes no momento. Nesta semana, anunciou
acordos com a Indonésia e o Japão.
Desde abril, Trump tem dito que o governo está conduzindo negociações com mais
de 200 países simultaneamente. Mas a conduta do presidente americano tem sido
ele próprio definir suas prioridades.
Tarifaço pode tirar quase US$
6 bilhões do agro
Por conta do novo pacote de
tarifas anunciado pelo governo dos Estados Unidos, as exportações do
agronegócio brasileiro para o país podem cair quase pela metade. A estimativa é
da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que calcula uma perda
de até US$ 5,8 bilhões para o setor, caso as medidas sejam efetivadas nos
moldes propostos.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 12,1 bilhões em produtos do agro para os EUA.
Com o tarifaço — que pode elevar em até 50% o custo de entrada desses produtos
no mercado americano — a CNA prevê uma redução de 48% no valor total das
exportações.
A projeção leva em conta a chamada elasticidade das importações, um indicador
que mede como a demanda dos Estados Unidos reage a mudanças no preço dos
produtos. Ou seja, quanto mais sensível o produto é ao aumento de preço, maior
a queda nas compras. A entidade partiu do princípio de que o aumento das
tarifas seria totalmente repassado ao consumidor final, o que elevaria os
preços dos produtos brasileiros em até 50%.
De acordo com a análise, os impactos não serão iguais para todos os setores.
Produtos como suco de laranja e açúcares especiais teriam suas exportações
praticamente zeradas. O suco de laranja, por exemplo, hoje enfrenta tarifas
entre 5,26% e 6,13%. Com o novo pacote, elas passariam a mais de 55%, o que
tornaria o produto inviável para o consumidor americano. A CNA estima queda de
100% nas exportações do produto.
Situação semelhante ocorreria com o álcool etílico, que teria sua tarifa
multiplicada de 2,5% para 52,5%, com estimativa de queda de 71% no exportado.
No caso do café verde, o impacto seria menor: queda de 25% .
Tribuna do Norte

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